Brasileiro presos na Bolívia injustamente
Corintianos presos há um mês na
Bolívia relatam condições da
cadeia
Corintianos presos há um mês na
Bolívia relatam condições da cadeia
Doze corintianos estão presos há mais de um mês, na cidade de Oruru, na Bolívia, e respondem pela morte de um torcedor boliviano, atingido por um sinalizador num jogo da Libertadores.
O Fantástico chama a atenção para um drama ainda sem desfecho. É a história dos doze corintianos presos na Bolívia há mais de um mês. Eles respondem pela morte de um torcedor boliviano, atingido por um sinalizador num jogo da Libertadores, em fevereiro. A defesa anunciou que pretende recorrer a cortes internacionais para tentar a libertação.
Nesta semana, o grupo recebeu a visita do presidente da Comissão de Relações Exteriores do senado, e falou da angústia que tem vivido.
“Isso não existe”. A declaração é de um dos doze corintianos presos há 38 dias na penitenciária San Pedro, em Oruro, na Bolívia.
No começo da semana, eles receberam a visita do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. O encontro foi gravado por um fotógrafo que acompanhou a reunião.
“Cabe à Justiça boliviana provar a nossa culpa. Mostrar para o mundo que nós somos culpados”.
“Eles estão assustados, amedrontados, sentem claramente que estão correndo risco de vida, porque é uma prisão pra 200 pessoas, com 1.500. Uma condição muito primitiva comparada às nossas piores penitenciarias no Brasil”, explica senador Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de relações Exteriores.
Dentro do presídio em Oruro há um orelhão. Nós vamos ligar então nesse telefone público agora pra tentar falar com os torcedores.
Conseguimos conversar com Danilo. “Tenho trabalho, tenho residência fixa e por isso até, eu sou inocente e tô aqui ainda. Eu não entendo”, afirma Danilo Silva de Oliveira, auxiliar de logística.
Conseguimos conversar com Danilo. “Tenho trabalho, tenho residência fixa e por isso até, eu sou inocente e tô aqui ainda. Eu não entendo”, afirma Danilo Silva de Oliveira, auxiliar de logística.
Danilo, de 27 anos, conta que é formado em comércio exterior e trabalha como auxiliar de logística. Disse que emagreceu doze quilos na prisão.
“Semana passada eu peguei infecção urinária. Eu, particularmente, já fui mais de 5 vezes aqui no médico”.
Marco Aurélio, outro torcedor preso, descreveu a cadeia.
São duas celas e estamo divididos em 6 e 6, uma cela tipo 2 metros por 4 de largura assim. Tem 3 colchões, nois forra, cada um dorme tipo em 2, entendeu?”, conta Marco Aurélio Nefreire, corretor de imóveis.
São duas celas e estamo divididos em 6 e 6, uma cela tipo 2 metros por 4 de largura assim. Tem 3 colchões, nois forra, cada um dorme tipo em 2, entendeu?”, conta Marco Aurélio Nefreire, corretor de imóveis.
Ele tem 30 anos, diz que é corretor de imóveis e tem três filhos. A mulher está grávida de oito meses.
“Eu to aqui, não sei se vou conseguir a tempo de ver o nascimento do meu filho que provavelmente tá previsto pro dia 15 ao dia 20 do mês de abril”.
Os 12 estão presos desde a morte de Kevin Beltran espada, de 14 anos, em 20 de fevereiro. Kevin foi atingido na cabeça por um sinalizador, durante o jogo entre Corinthians e San José, em Oruro. A justiça boliviana diz que os brasileiros estão envolvidos.
Os advogados que defendem os torcedores dizem que não conseguem ter acesso ao processo na Bolívia. Eles afirmam que ainda nem sabem exatamente do que os brasileiros estão sendo acusados.
“Podemos dizer, sem dúvida, que nós temos 12 brasileiros, hoje, sequestrados num presídio em Oruro na Bolívia”, afirma Maristela Basso, advogada corintianos.
“Como é que uma juíza faz uma audiência de 9 horas, em duas partes, e se julga incompetente pra definir o caso, pra dar a nossa liberdade e julga o nosso pedido de liberdade improcedente, cara”, pergunta um dos torcedores
Este doutor em direito internacional, diz que a Justiça de lá está cumprindo o prazo das leis do país. Segundo ele, na Bolívia, a prisão preventiva pode chegar a dois anos. E há uma outra razão para eles não serem soltos.
“Os países tem medo de liberar aquelas pessoas pro seu país de origem, como está acontecendo na Bolívia, especialmente porque, no Brasil, em uma regra de que não se extradita nacionais. Se, eventualmente, tem uma sentença condenatória e e eles teriam que cumprir pena lá, eles não poderão nunca ser extraditados pra Bolívia, porque é uma garantia constitucional do direito brasileiro”,
Um menor que mora na região metropolitana de São Paulo assumiu ter feito o disparo. O rapaz, de 17 anos, se apresentou à justiça brasileira e foi liberado.
O Ministério Público de São Paulo já enviou o depoimento dele à Bolívia, por meio do Ministério das Relações Exteriores.
Mas a justiça boliviana ainda não se manifestou sobre isso.
“Tudo foi feito. Todos os recursos jurídicos, legais, foram implementados. Todavia, a justiça não respondeu. A justiça boliviana não respondeu a esses pedidos de esclarecimento, aos habeas corpus, às apelações”.
O senador que visitou os brasileiros, acredita em um outro motivo para eles estarem presos até hoje.
“Há um incomodo muito grande, um protesto muito grande por parte do governo boliviano em razão de nos termos concedido asilo político ao líder da oposição do governo boliviano que esta há quase um ano confinado na embaixada brasileira”.
O senador boliviano Roger Pinto Molina, abrigado na embaixada brasileira, alega ser perseguido por denunciar corrupção no governo de Evo Morales. Já o governo boliviano acusa Molina de vários crimes. Entre eles, denúncia de venda irregular de terras estatais e repasse ilegal e sem controle de verbas públicas.
Em nota ao Fantástico, o Ministério das Relações Exteriores nega não confirma essas pressões. Diz que o "cidadão brasileiro não é moeda de troca em nenhuma situação." E que "em momento algum, houve menção nesse sentido por parte do governo boliviano."
O Itamaraty também afirma que a representação brasileira na Bolívia tem feito visitas frequentes ao grupo detido, para que os direitos humanos sejam respeitados.
Esta semana, os doze corintianos foram fotografados jogando bola na prisão. Eles usavam camisas em homenagem a Kevin Espada, com um pedido de liberdade para o grupo.
No dia 8 de abril, os torcedores devem deixar a prisão. Mas apenas para ir ao estádio, participar de uma reconstituição.
“Não tô entendendo. Isso é um preconceito com a torcida do Corinthians ou com brasileiros, enfim, tamo abandonado”, afirma Danilo.
“O que mais acontece no caso? Porque não deram a nossa liberdade, cara?”
Se nenhum recurso der certo, os advogados vão buscar outras alternativas.
Se nenhum recurso der certo, os advogados vão buscar outras alternativas.
“Vamos recorrer a organizações internacionais que possam interferir nesse caso, a alternativas política-jurídica-diplomática que são importantes e também, localmente, nos vamos tentar medidas agora, digamos mais austeras perante cortes outras que não são apenas aquelas de Oruro”.
Bolívia pede ao Brasil antecedentes de
torcedores do Corinthians presos
Doze torcedores do Corinthians estão detidos em Oruro.
Eles estão detidos acusados de morte de torcedor boliviano.
O Ministério Público boliviano solicitará ao Brasil, por meio da Interpol, os antecedentes criminais dos 12 torcedores do Corinthias detidos em Oruro sob acusação de autoria e cumplicidade na morte de um menino, durante jogo da Libertadores entre o clube paulista e o boliviano San José, informou no sábado a promotora Abigail Saba.
"Como são cidadãos brasileiros, estamos pedindo ao Brasil seus antecedentes penais, via Interpol", declarou Saba, que é a promotora encarregada da investigação sobre a morte de Kevin Beltrán, de 14 anos, na quarta-feira, durante o jogo disputado no estádio Jesús Bermúdez, na cidade andina de Oruro, 240 km ao sul de La Paz.
"O propósito de ter esta informação é termos um quadro mais preciso sobre quem são estes cidadãos brasileiros", explicou a promotora, em entrevista a vários meios de comunicação locais.
Emissoras e jornais bolivianos divulgaram a informação, com base em blogs brasileiros, de que os torcedores detidos pertenceriam à torcida organizada do Corinthians.
Segundo a promotora, "os 12 brasileiros estão detidos na prisão San Pedro" da cidade de Oruro, "enquanto se termina de preparar a acusação para o julgamento e se acumulam todos os antecedentes necessários" para encaminhar o processo.
A integrante do Ministério Público afirmou, ainda, que os brasileiros Cleuter Barreto Barros e Leandro Silva de Oliveira são "autores de homicídio" por sua responsabilidade de disparar um sinalizador no estádio durante o jogo, que acabou atingindo o jovem Beltrán na cabeça, provocando a sua morte quase instantânea.
O incidente ocorreu quando os torcedores do Corinthians comemoravam o primeiro gol aos 6 minutos de jogo, marcado pelo peruano Paolo Guerrero, em partida que acabou empatada em 1 a 1, válida para o Grupo 5 da fase de grupos da Libertadores, integrado ainda pelo mexicano Tijuana e pelo colombiano Millonarios.
Na sexta-feira, Saba havia dito existirem evidências suficientes de que o sinalizador teria partido do setor onde estavam 300 torcedores do Corinthians e que após os interrogatórios policiais foram encontrados nas mochilas dos dois brasileiros artefatos usados e outros sem uso do mesmo tipo daquele que atingiu o adolescente.
Segundo a lei boliviana, o crime de homicídio prevê pena de 5 a 20 anos de prisão.
Junto com Barros e Oliveira, também estão detidos outros 10 brasileiros, acusados pela promotoria de "cumplicidade no homicídio", crime pelo qual correm o risco de ser condenados a até 5 anos de prisão cada um.
O jornal La Patria, de Oruro, divulgou os nomes dos outros 10 torcedores brasileiros detidos: Tadeu Macedo Andrade, Reynaldo Coelho, José Carlos da Silva Júnior, Marco Aurélio Nefeire, Daniel Silva de Oliveira, Hugo Nonato, Clever Sousa Clous, Fabio Neves Domingos, Rafael Machado Castillo e Tiago Aurélio dos Santos.
O incidente fez a Conmebol sancionar o Corinthians, atual campeão da Libertadores da América, a disputar suas próximas partidas locais sem torcida e proibir a venda de ingressos pelo clube a seus torcedores em suas partidas internacionais.
O Corinthians expressou, em um comunicado publicado na sexta-feira, que considerou a medida da Conmebol "injusta" e que "esgotará todos os recursos legais para reverter a decisão imposta", após declarar um dia antes luto de sete dias pela morte do torcedor boliviano.
O governo da Bolívia tomou conhecimento da situação e promove a aprovação de um decreto para proibir o uso de qualquer tipo de artefato explosivo em eventos esportivos, algo que até hoje é muito comum no país.
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