Fachin envia a Moro inquérito sobre os US$ 150 milhões de Lula na Suíça e advogado se desespera
- 30/05/2017
A decisão do relator da Lava-Jato no Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Luis Edson Fachin, de enviar para o
Juiz Sérgio Moro, em Curitiba, as partes da delação de Joesley Batista
que se referem ao ex-presidente Lula, especialmente a conta na Suíça que
recebeu U$ 150 milhões destinados a ele e à ex-presidente Dilma, gerará
talvez a mais importante investigação sobre o ex-presidente dentro da
Operação Lava-Jato.
Não é à toa, portanto, que o advogado Cristiano Zanin apresentou
imediatamente um agravo regimental no STF contra essa decisão. Alegando
que Joesley “fez duas referências genéricas ao nome de Lula em sua
delação, sem qualquer base mínima que possa indicar a ocorrência dos
fatos ou, ainda, a pratica de qualquer ato ilícito”.
Não é o que acha o Procurador-Geral da República Rodrigo Janot que,
ao justificar o que muitos consideram uma excessiva benevolência do
Ministério Público no acordo de delação premiada com a JBS, ressaltou
que pela primeira vez há informações sobre contas no exterior para o
ex-presidente Lula e sua sucessora.
“Que juízo faria a sociedade do MPF se os demais fatos delituosos
apresentados, como a conta-corrente no exterior que atendia a dois
ex-presidentes, fossem simplesmente ignorados?”, escreveu Janot,
justificando o perdão judicial que concedeu a Joesley e aos executivos
da JBS que fizeram a delação premiada.
O controlador da JBS revelou no depoimento que de tempos em tempos
levava para o ex-ministro Guido Mantega o extrato das duas contas, para
fazer o acompanhamento dos saques. O dinheiro representava porcentagens
de negócios do grupo feitos com o beneplácito de Mantega, e ficava
depositado na Suíça à disposição dos dois ex-presidentes e seus
prepostos, sempre sob orientação de Mantega.
Era uma conta-corrente que funcionava à exemplo da que a
empreiteira Odebrecht mantinha para Lula e outros dirigentes do PT.
Assim como a Odebrecht, também Joesley Batista e seu grupo tinham a
planilha com os dias dos saques e dos depósitos e a identificação de
quem fazia a retirada.
Através de acordos internacionais mantidos com o governo da Suíça
será possível rastrear o dinheiro e cruzar os depósitos e retiradas com
os acontecimentos econômicos e políticos do país. Mesmo a conta estando
em nome de Joesley Batista, será possível identificar laranjas e
destinatários, especialmente quando as remessas saíram da Suíça
diretamente para outras contas no exterior.
O ex-ministro Guido Mantega, por exemplo, diante de tantas
revelações, resolveu confessar ontem que tem uma conta não declarada no
exterior de U$ 600 mil. Joesley, além de revelar ao Ministério Público
que os saques das contas na Suíça para Lula e Dilma eram controlados por
Mantega, contou também que certa vez fez um favor pessoal ao
ex-ministro: a seu pedido comprou 5 milhões (não está claro se em euros
ou reais) em títulos de dívida da empresa Pedala Equipamentos
Esportivos, empresa pertencente a um sócio do filho do ex-ministro,
Leonardo Mantega.
Em outra ocasião, disse que transferiu para uma conta no exterior, a
mando de Mantega, outros 20 milhões de euros. Esse dinheiro poderá ser
rastreado pelas autoridades suíças, e conexões com possíveis
fornecedores de campanhas políticas ou pessoas relacionadas a Lula e
Dilma poderão ser identificadas.
Um caso insólito que Joesley revelou ao Ministério Público foi a
utilização de uma conta sua em Nova York para receber depósitos e fazer
pagamentos para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari. A conta corrente era
administrada por um funcionário dele, de nome Denilson, e por um
emissário de Vaccari: João Guilherme Gushiken, filho do ex-ministro Luiz
Gushiken.
O controlador da JBS apresentou ao Ministério Público extratos
dessa conta que indicam retiradas em nome de “Luís Carlos, da Petros”,
ou Luís Carlos Fernandes Afonso, que presidiu o fundo de pensão da
Petrobras de 2011 a 2014.
O fato de ter usado o sistema bancário americano para fazer algumas
transações com dinheiro de origem ilegal certamente trará muitos
problemas para Joesley Batista. Os executivos da Odebrecht, por exemplo,
evitavam usar bancos nos Estados Unidos justamente pelo rigor da
legislação.
As conexões internacionais dos investigadores brasileiros
certamente ajudarão a rastrear o dinheiro na Suíça e nos Estados Unidos.
E aqui no Brasil esses pagamentos e recebimentos poderão terminar por
definir a responsabilidade de cada um no esquema de corrupção montado
durante os governos Lula e Dilma.
https://www.noticiasbrasilonline.com.br/fachin-envia-moro-inquerito-sobre-os-us-150-milhoes-de-lula-na-suica-e-advogado-se-desespera/
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